A palavra pureza nos remete à ideia de que algo ou um objeto está mantido fora do alcance de impurezas. Aplica-se, portanto, a esse conceito o princípio de higienização, seja no contexto hospitalar ou culinário, a partir da visão da microbiologia, de que vírus e bactérias são impurezas que danificam e causam graves transtornos à vida de alguém numa dada circunstância. Mesmo não sendo um especialista em Infectologia, o apóstolo Paulo, em sua carta aos coríntios (I Co. 6: 12-20), utiliza da mesma visão de contaminação para instruir os cristãos, a Igreja, sobre as contaminações e impurezas que podem permear a vida de uma pessoa através da conduta sexual. A idéia de corpo utilizada pelo apóstolo em sua narrativa, além de metaforizar o que ocorre no processo de contaminação, adoecimento e degeneração causados por uma doença ao corpo em similaridade à vida espiritual, nos convoca a refletir sobre alguns princípios que existem acerca da relação entre a santidade e a sexualidade. O primeiro princípio é que o nosso corpo é a sede e o espaço de manifestação tanto da nossa santidade como da nossa sexualidade. É, portanto, no corpo, que experienciamos todas as sensações de prazer, de completude e de aceitação quando vivenciamos uma experiência com Deus como, também, quando vivenciamos nossa sexualidade com alguém. Há, dessa forma, uma estreita intimidade entre a sexualidade e a santidade que se expressa na forma como conduzimos e utilizamos nosso corpo na vida sexual. O apóstolo Paulo afirma que nosso corpo é um membro de Cristo, ou seja, nosso corpo movimenta e age como expressão de Cristo na terra, e esse mesmo corpo, não pode se descuidar e contaminar-se com algo que o adoeça e o leve a não expressar mais os movimentos de Cristo. O segundo princípio é que nosso parâmetro de pureza é a própria imagem de Cristo que habita nosso corpo, tornando-o templo do Espírito Santo. A pessoa de Jesus em nós é a medida única de pureza para nossa sexualidade. Não há rivalidade ou antagonismo entre nossa sexualidade e a imagem de Cristo em nós; ao contrário, a pessoa de Cristo em nós nos conduz a um parâmetro de saúde para vivenciarmos nossa sexualidade. Portanto, a ideia de contaminação ou impureza sexual não está relacionada à inimizade entre a vida de Cristo em nós e a nossa sexualidade, mas na imagem de Cristo que contrapõe a toda forma de distorção – impureza - que o pecado promove. O terceiro princípio apontado pelo apóstolo Paulo à igreja ressalta a importância e relevância que a vida sexual tem para a humanidade. A impureza não está na existência da vida sexual, como distorceu o pensamento da igreja medieval, mas na associação entre prática sexual e pecado como instrumento para a contaminação do mal. E, ao que nos demonstra a história da humanidade, a área sexual tem sido o palco das grandes distorções e perversões vivenciadas pelas pessoas e que muito chocam a integridade da moral humana. A palavra de Deus nos certifica da benevolência e graça que nossa vida sexual pode desfrutar, mas também nos convoca a uma íntima responsabilidade que a nossa sexualidade tem com o exercício da fé e santidade no meio da igreja. Por fim, a imagem da prostituta mencionada no texto bíblico (I Co 6:18) prefigura tudo aquilo que poderemos chamar de contaminação e de impureza. A figura da prostituição é a configuração do ato de transgressão Àquele que é puro, que é santo. Isso vale a pena repetir, a nossa sexualidade não é a impureza; a impureza sexual é tudo aquilo que nos faz transgredir, violar a imagem de Cristo em nós por práticas ilícitas em nossa conduta sexual. A imagem da prostituição é a representação das inúmeras práticas inadequadas à conduta sexual da pessoa cristã: desde o uso da pornografia através de vídeos, revistas ou internet, infidelidade conjugal, lascívia, torpeza de pensamentos, exercer vida sexual sem um compromisso conjugal com seu par, tudo isso contamina e adoece a vitalidade de Cristo em nós. Portanto, a pureza sexual, antes de ser a idéia de negação da nossa sexualidade, é a demonstração de amor que expressamos a Jesus buscando uma postura de vida sexual que represente cada vez mais a imagem dEle na terra. Somos chamados a amá-Lo tanto que todo nosso ser O represente e O denuncie, principalmente, em nossas posturas e práticas da sexualidade e que, por Sua graça, continuamente, apresentemos a Ele os nossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus como um culto de purificação das nossas impurezas e para a saúde do corpo da Igreja. (Rm. 12:1) |
CELEBRANDO O CUIDADO DE DEUS - 7º MANDAMENTO
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